Não é um filme fácil de se comentar nem de recomendar, Lars é foda!
Diretor de " Dançando no escuro "," Os Idiotas " e " Dogville " esse filme chocou o público muito mais do que os outros.
Porque? Porque Lars é foda! Lars choca! Lars é simplesmente um dos melhores de todos os tempos.
Dando um google básico, encontrei esse post ( um dos melhores que li sobre o filme ) então peço a permissão ao dono para copiá-lo aqui.
O caos reina: em 'Anticristo', Lars von Trier dá vida aos seus pesadelos.
Esqueça a crítica ferrenha aos Estados Unidos. Apague, por alguns minutos, da sua mente o movimento Dogma e sua "naturalidade". Lars Von Trier deixou tudo isso de lado para fazer seu mais novo filme, Anticristo, um terror psicológico, marcado por todos os pesadelos que teve durante os dois anos que passou em depressão. O filme estreou nos cinemas brasileiros nesta sexta-feira, dia 28, e já coleciona polêmica – território onde ele costuma andar com destreza em todos os seus trabalhos – desde a exibição no Festival de Cannes (assista ao trailer abaixo da texto).Apesar de o diretor deixar de lado suas abordagens políticas, a ironia é a mesma de sempre: a mais cruel e refinada, com direito a cenas de mutilação genital, sexo explícito e questão “Deus realmente existe?”. E é justamente munido desse sarcasmo, que von Trier apresentou o filme nas coletivas em Cannes, auto-intitulado "o melhor diretor do mundo".
Diante das insistências para que explicasse o filme, foi vago nas respostas e soltou farpas como "eu não me preocupo com a audiência quando faço um filme" ou "foi Deus que me fez escolher essa história e realizar esse filme agora", além de elegê-lo o mais importante da sua carreira. Não é de se espantar, afinal Anticristo nasceu de todos os demônios que ele enfrentou nos anos de seu terror psicológico. O caos reina na história vivida pelos excelentes Charlotte Gainsbourg, premiada com a Palma de Ouro, e William Dafoe.
Para termos a dimensão do significado do filme na vida do diretor, Charlotte disse em entrevista à Folha de S.Paulo que as maiores dificuldades das filmagens foram os constantes ataques de pânico que ele sofria em algumas cenas. “Sabíamos que podia deixar o set a qualquer momento”, revelou.
A natureza demoníaca e o animalesco
Como é prática constante, o cineasta dinamarquês dividiu seu filme em capítulos – “Luto", "Dor (Caos Reina)", "Desespero (Genocídio)" e "Os Três Mendigos", além de trazer um prólogo e um epílogo – para contar a história de um casal (os nomes não são citados em nenhum momento) que se refugia numa floresta isolada, ironicamente chamada de Jardim do Éden, após a morte de seu filho.
Ela, uma escritora, totalmente entregue à dor da perda, ele, um terapeuta, que usa a psicologia cognitiva (abordada da maneira mais irônica a esse tipo de tratamento) para ajudar a esposa. Já envoltos na vastidão da natureza, o vegetal, o animal e, principalmente, os instintos humanos se misturam numa saga bíblica que mexe com a moral e os valores dos espectadores. Von Trier tira de Charlotte uma mulher em seu estado mais frágil e faz um retrato visceral, que de tão animalesco soa pornográfico.
A premissa é "e se a natureza fosse criada pelo anticristo?". Vale lembrar, aqui, que Lars von Trier é filho de pais ateus e tem, desde os 12 anos de idade, um exemplar de O Anticristo, manifesto anticristianismo de Friedrich Nietzsche, em sua cabeceira. Mesmo com esse histórico, o cineasta, implicante como é, se converteu ao Cristianismo em certo momento da vida, porém hoje perdeu novamente a fé na religião – embora sua nova obra seja toda permeada por símbolos e citações místicas.
A plástica do filme
Diferente da proposta de seus outros filmes, com câmeras no ombro e imagem o mais natural possível (herança do movimento Dogma), aqui, em Anticristo, ele investe na estética. A bela fotografia é assinada por Antony Dod Mantle (o mesmo de Quem Quer Ser um Milionário) e, desde a poética abertura, rodada em preto e branco e em câmera lenta, já impressiona. Nela, um casal faz sexo, de forma idílica e intensa, no momento em que seu filho pequeno sai do berço, se aproxima da janela e dali cai.
A música de fundo, neste prólogo, compõe a ironia: Lascia Ch’io Pianga, de Händel, com interpretação da soprano norueguesa Tuva Semmingsen, fecha uma das cenas mais belas dos últimos tempos.
Ironia ou homenagem?
Encerrado o filme, uma tela negra. Pouco mais de dois segundos, o espectador se depara com a frase: "Dedicado a Andrei Tarkovski (1932 a 1986)”. Depois do bombardeio de metáforas antisemitas, a impressão que dá é de um sarcasmo despudorado, já que o famoso cineasta russo tem na sua cinematografia um forte compromisso com o sagrado.
No entanto, Von Trier justificou e esclareceu essa dúvida na época do Festival de Cannes. "Para mim ele era uma espécie de deus. Me sinto ligado a ele, assim como a Bergman", comentou. “Meu trabalho e o dele têm uma relação religiosa. A primeira vez que assisti a um filme do Tarkovski, The Mirror (O Espelho), entrei em êxtase. Dedicaria todos os meus filmes a ele”, revelou.
Se entregue ao pesadelo
Lars Von Trier sabia o que fazia quando não quis explicar seu filme (e na verdade, que obra deve ser explicada?). E assim deve fazer o seu espectador. Anticristo não é um filme para ser explicado. Deve ser enfrentado (com muita coragem), sentido. Diante de todos aqueles símbolos e referências, ele só pede que você mergulhe nos seus pesadelos mais tenebrosos e busque algum significado, o seu significado.
Por Thyago Gadelha.
Assino embaixo Thiago!
A fotografia do filme é maravilhosa.
O Trailer
Já vou avisando, se você sofre de pesadelos, insônia, é super religioso, nunca assistiu a nenhum Dogma, nem sabe do que se trata e é frágil demais, NÃO ASSISTA! Com certeza você vai voltar aqui no dia seguinte me xingando por estar escrevendo sobre esse filme.
Mas se tudo bem pra você conter cenas fortes de mutilação genital, sexo explícito entre outras... assista e volte aqui para me dizer o que achou.
Vou dizer a real, demorei um pouco pra entender dentro da minha cabeça o significado real desse filme pra mim. Alguns dias, por assim dizer... entendi e logo, amei.
A atriz do filme, Charlotte Gainsbourg tem uma banda linda, e canta muito. No post abaixo tem o link pra baixar as músicas dela.
2 comentários:
Olá. Vi o filme. Porque es de von Trier, que na verdade (discordando um pouco) não acho tão genial, mas vejo todos os filmes que ele faz porque acho que merecem atenção, deixando gostos de lado. Todos os filmes dele me impactan momentaneamente, é um provocador nato, mas no final me parecem superficiais. Porque pra mim von Trier inova sempre a forma, estética, provoca pela imagem e não tanto pelo conteúdo. Os personagens femininos deixam muito a desejar.
De Anticristo acho que choca. Mas a cena de mutilação por exemplo eu prefiro a da Pianista, me choca mais. É quase um chocante ao estilo Irreversivel, chato.
Preferi a primeira hora, mais psicológica. A fotografia também achei que oscila entre lindas imagens e quadros ao estilo Silent Hill.
Ainda acho que o mestre na temática Deus e fé é Bergman.
Achei legal que postou sobre o filme aqui! Me fez refletir também já que tive uma perceção diferente da sua.
Beijos
oi!
é bom ler sobre esse filme. pq ele ficou na minha cabeça. não tanto pelas imagens.
Concordo com a nathalia. não acho o Lars genial e as cenas chocantes foram de uma certa futilidade.
mas discordo em outro ponto. os personagens femininos do lars são intrigantes. O da charlotte me fez repensar totalmente o que significa ser mulher.
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