Fazia tempos que não ia ao cinema durante a tarde e sozinha. Peguei a sessão das 14h lá no Unibanco, aproveitei as sessões inusitadas do Cinematerna pra rever amigos e relembrar meus bons/velhos momentos de diversão pós-parto.
Sessão a meia luz, som mais baixo, bebês pra todo quanto é lado, sentada na primeira fileira com aquela telona na cara.... (adoro)
O filme:
Lone Scherfig pode não ser muito conhecida dos brasileiros, mas com certeza é uma grande cineasta. A dinamarquesa, representante do Dogma 95, concorreu com Educação a três estatuetas na cerimônia do Oscar, incluindo a de Melhor Filme. Apesar de não ter sido um dos favoritos, essa produção possui aspectos bastante interessantes e boas atuações.
Inspirado numa memória publicada pela jornalista Lynn Barber, o filme se passa em 1961 e conta a história de Jenny (Carey Mulligan), uma garota inglesa que, com apenas 16 anos, sabe pouco da vida. Em seu quarto, escuta Juliette Greco e sonha com Paris e em conhecer o mundo. Seus pais Jack (Alfred Molina) e Majorie (Cara Seymour) a educam de maneira tradicional e nutrem grandes esperanças de que ela vá para a Universidade de Oxford e se torne uma profissional independente. A garota é muito inteligente e dedicada aos estudos, desejando sair de casa para fazer o curso superior e poder ser dona do próprio nariz.
É aí que surge David (Peter Sarsgaard) em sua vida. Um homem mais velho, que a leva a conhecer lugares interessantes e menospreza a importância que a jovem dá aos estudos. Com seu primeiro amor, a garota antecipa uma das atitudes que iria marcar as décadas de 60 e 70: a quebra das tradições. Ela enfrenta a professora e a diretora da escola católica onde estuda para poder viver essa experiência. Não chega a queimar sutiãs nem nada drástico. Mas toma atitudes emblemáticas que indicam o que esperar dos jovens das décadas seguintes.
Filmado de forma muito comum, Educação tem seus bons momentos. Quando Jenny está no carro, aguardando David voltar, vemos cenas do que acontece a seu redor refletidas no vidro do carro. Quando o casal está em Paris, a imagem muda e temos uma sequência feita de forma diferente, com a câmera na mão, e a sensação de certa granulação na tela, ao estilo documentário caseiro. Merece destaque também a boa reconstituição de época que é feita, com músicas, roupas, comportamentos, estilos de penteados, entre outros detalhes da década de 60 que estão presentes.
Carey Mulligan, apesar de sua primeira indicação ao Oscar pelo papel, está apenas "cumprindo tabela" e não tem chances, tendo em vista suas concorrentes. Mas está atuando bem, mostrando que, apesar de ainda ter muito a desenvolver, é uma promissora atriz.
A terceira indicação do filme ao Oscar 2010 é para Nick Hornby, pelo roteiro. O escritor, mais conhecido pelo livro Alta Fidelidade, fez um filme bastante comedido, com bons diálogos, mas nada de memorável ou extremamente emocionante, procurando se ater a aquilo que era necessário ao desenvolvimento da história.
Educação nos faz refletir sobre importantes questões como a independência da mulher contemporânea, se estamos dispostos a pagar o preço das atitudes que tomamos, e especialmente sobre como pode ser maleável a ética de uma pessoa. Muitas vezes aquilo que é considerado como o caminho mais ético a se seguir por todos pode mudar, em nossa percepção, apenas para benefício próprio. Essa aquisição de uma nova moral muitas vezes custa caro. Estamos dispostos a assumir nossos atos? Ou se iludir é mais fácil? Essa obra traz respostas e cada um que saiba interpretá-las a seu modo.
Trailer
Recomendo, lindo, trilha sonora maravilhosa, a fotografia incrível, dá vontade de ir a Londres/Paris já!
... mas agora só em DVD acho.
2 comentários:
Eu assisti esse filme no cinema aqui ano passado e amei também, uma delícia e realmente traz algumas boas reflexões, ainda aplicáveis aos dias de hoje.
Ameeeeeeeeeeei esse filme!
Lindo demais!
Baixei, quer que mande junto com o Warriors?
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