Todos saíram as ruas, todos pularam, dançaram, beberam, lotaram as vias que se tornaram intransitáveis e consumiram minha timeline com um bombardeio de fotos iguais cheias de confetes, serpentinas e purpurina.
Agora acabou, passou, finalmente acabou o carnaval e a vida (pelo menos aqui no Brasil) começa de verdade.
Eu não fiz nada disso, pelo contrário, fui na contra-mão de todo mundo.
Mas isso fica pra outro post, sobre o meu carnaval sem ziriguidum, pois hoje eu quero falar de outra coisa.
Num desses dias, subimos até a Pedra Grande, eu e o André, juntos e quietos.
A subida é longa e inclinada, te faz pensar e eu pensei, pensei muito. Minha cabeça parecia um turbilhão de idéias, todas esquisitas.
Tive mais idéias pra um projeto pessoal que já estou colocando no papel há algum tempo em segredo e que tem muito a ver com um texto que, sem querer, li hoje no MEDIUM.COM sobre como o facebook está matando os blogs e os textos da vida.
Depois que o facebook cresceu pavorosamente, as pessoas não tem mais paciência para lerem nada mais que duas linhas, então, com o crescimento dessa nova "linguagem" os blogs foram morrendo aos poucos, ninguém mais lê.
Falei disso outro dia aqui, num post sobre "os blogs maternos da minha vida" que as pessoas têm preguiça e medo de ler textão, com o facebook mostrando mais do mesmo, tudo resumido e rápido, ninguém mais procura, discute e comenta mais nada nos blogs ou sites. O mundo blogosférico está virando um cemitério, cheio de textos antigos, parados há anos, sem atualizações, mortos.
Percebo que os blogs que sobreviveram, estão se moldando a essa nova rapidez da vida, pouco texto, muita imagem, quase sempre, sem conteúdo nenhum.
É triste ver a internet que eu conheci lá atrás, rica, cheia de jornalismo bom, textos bons, de idéias, de boas discussões, o surgimento de novos escritores, blogs que viraram livros, um mundo internético rico, decaiu, acabou. Está tudo minimizado e jogado lá dentro do facebook.
E você se pergunta: Mas e aí Karina, você é uma dessas pessoas que consomem o facebook.
Sim, eu uso muito, acho que até mais do que eu deveria, eu me disperso e perco muito tempo olhando aquelas coisas lá dentro que na maioria das vezes, não me levam e me acrescentam nada, porém, nunca perdi o hábito de "ler internet" de escrever TEXTÃO no blog, de tentar ser uma das únicas pessoas que ainda não deixou o
Ainda leio todos os dias as notícias dos jornais (que eu odeio) ainda leio os blogs que me interessam que se atualizam frequentemente, agora existe o MEDIUM.COM, um espaço incrível de pessoas que escrevem textão bom.
Ainda tento manter a velha rotina de textos no blog, acho que ando escrevendo mais do que antes, talvez por sentir falta disso por aí, alguém ainda deve ler e creio que como eu, alguém também deve sentir falta.
Estou produzindo um fanzine, que sairá logo, no estilo antigo de ser, corta e cola, com bastante textão, imagens e arte.
Ainda tento manter as velhas raízes de qualidade.
Nem sei pra quem vai servir, pois ninguém mais lê, mas..... rs o fanzine vai sair.
Ainda existe saída além do que o facebook trás pra gente.
A internet está se tornando idiota, as pessoas estão idiotizadas sim, mas nós nunca vamos desistir, a internet boa não vai morrer tão cedo.
Me sinto na obrigação de copiar e colar o texto do HASSEIN DERAKHSHAN traduzido pro português por GABRIEL GASTALDO.
"No último mês de Novembro, saí de uma prisão Iraniana após seis anos. A notícia que mais me chocou após isso? Não foi a conquista do Presidente Barack Obama em reconhecer o direito do Irã a tecnologia nuclear pacífica, nem a morte do líder do partido NDP, tampouco o abrupto desaparecimento da embaixada Canadense em Teerã. Foi a morte da Web como eu a conheci.
Em meados de 2000, imigrei para o Canadá, e de um pequeno apartamento alugado em Toronto, democratizei a escrita em minha terra-natal introduzindo, facilitando e promovendo os blogs.
Após o trágico ataque terrorista de 11 de Setembro de 2001, me peguei lendo diários online para entender o significado daquilo para americanos. Eu era um jornalista tecnológico no Irã e os blogs me ajudaram a me reconectar com os leitores de minha coluna diária em um jornal reformista Iraniano. Comecei meu próprio blog e ajudei muitos leitores do Irã a começarem o mesmo.
Um ano após esses acontecimentos, blogar ficou tão na moda no Irã, quanto hoje em dia são os hipsters e suas barbas; Me nomearam blogfather (um pai dos blogs). Até mesmo a mídia estatal nutriu isso.
Voltando para Tehran em Dezembro de 2008, fui escoltado em um carro. Isso foi um mês após minha prisão, resumidamente, por minhas atividades na Internet. No rádio do carro, eu ouvi sobre um concurso de blogs chamado “The Scent of Apple” para comemorar o Imã Hussein, o neto do Profeta Mohammed e a figura central do Islã Shia. Eu sorri, orgulho por aquele momento de blogfather.
Seis anos depois, em Novembro de 2014, fui perdoado pelo Aiatolá Khamenei e liberto da prisão de Evin. Desde então, vim a perceber que aquilo a que dediquei muitos anos de minha juventude se foi: Muitos Blogueiros se moveram para redes sociais, transformando a blogosfera Iraniana em um cemitério.
O pior é que Mark Zuckerberg provou não ser um fã de links, ou hyperlinks. Com o Facebook, ele não encoraja que você crie links. No Instagram, ele simplesmente os proibiu. Ele está espremendo o hyperlink, portanto, matando a rede de textos externos interconectada e descentralizada conhecida por World Wide Web.
O Facebook gosta que você permaneça nele. Os vídeos já são embutidos no Facebook, em breve, artigos externos também serão embutidos também, com o projeto de “Instant Articles” (Artigos Instantâneos). A visão do Sr. Zuckerberg é a de um espaço insular que consuma toda sua atenção — para que ele a venda para os anunciantes.
Agora, com aproximadamente 1.5 bilhões de usuários ativos mensalmente e um crescimento particular em lugares menos desenvolvidos, o Facebook é a Internet para muitos — 58% dos Indianos e 55% dos Brasileiros acreditam que o Facebook É a Internet, de acordo com uma pesquisa publicada pelo Quartz.
Para mim, um Rip Van Winkle de 2015, esse espaço linear, centralizado, passivo e de pro entretenimento, não é a Internet/Web que eu conheci. É algo muito mais próximo à Televisão.
As consequências disso são graves.
Mais e mais leitores de mídias digitais estão migrando para o Facebook e cada vez menos pessoas visitam as páginas da Internet diretamente. Dessa forma a mídia digital e autores independentes perderam a renda proveniente de propagandas, e ainda assim, são coagidas a pagar para “Impulsionar” seus artigos no Facebook para que possam alcançar a sua real audiência.
A mídia digital foi forçada a gerar histórias tolas e “virais” para sobreviver, causando um golpe severo no jornalismo sério.
E talvez mais importante, como resultado dessa competição de popularidade, visões minoritárias cada vez engajam menos pessoas. Isso é particularmente alarmante em um mundo enfrentando a séria ameaça de grupos religiosos e nacionalistas radicais. O algoritmo secreto do Facebook tende a nos abastecer com mais do que já gostamos, reforçando nossos pontos de vista enquanto reduz nossa exposição a ideias desafiadoras e divergentes.
A recente reestruturação corporativa do Google, para se focar em seus serviços de Internet é uma boa notícia para qualquer um que espere que a Internet seja qualquer coisa diferente da televisão. O Google construiu um império intelectual, mesmo que comercial, baseado no poder do hipertexto. Mesmo com sua busca pelo monopólio e desrespeito pela privacidade, ele ainda respeita os hyperlinks, uma lei básica da Internet. E ele tem a capacidade de por fim a essa perigosa tirania do “popular”.
Ainda não ouvi de Tim Berners-Lee, que inventou o World Wide Web (A Internet) para saber quão desapontado ele deve estar. Mas visitei o site do concurso “Scent of Apple” e descobri que agora eles apenas aceitam publicações do Instagram ou do Facebook — não mais blogs. É muita tristeza para este blogfather em Tehran.
Por mais que eu esteja feliz com o fim da guerra econômica injusta contra o Irã, após seus acordos nucleares com os poderes mundiais, me parte o coração a negação da Internet/Web, um dos produtos mais promissores da inteligência humana de para nossos tempos conturbados."
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